quarta-feira, 21 de março de 2007

Pior a emenda que o soneto

Em 1971, quando o jornal New York Times publicou um conjunto de documentos do Pentágono que provavam o complexo envolvimento dos Estados Unidos na guerra do Vietname, Henry Kissinger ficou furioso pela forma negligente como o governo deixou escapar essa informação. Resolveu então tomar medidas drásticas que levaram à formação de um grupo de fiéis chamado “Os Bombeiros” para tapar o buraco que tinha permitido a fuga de informação.

Ao contrário do que Henry Kissinger desejava, o seu excesso de zelo perante este caso, viria porém a provocar muito maior interesse na opinião pública. Daí foi um passo para que o escândalo rapidamente ganhasse dimensão política. A situação tornou-se de tal modo incontrolável que foi a própria unidade de intervenção, criada exactamente para controlar a crise, que acabou por invadir o escritório do Partido Democrático no Watergate Hotel, desencadeando um conjunto de acontecimentos em cadeia que culminaram na queda do Presidente Nixon.

Ora a forma inconsequente como alguns responsáveis reagem quando se tornam públicas certas situações que eles próprios criaram, chegam a fazer lembrar este caso. O que implica um de dois entendimentos possíveis: ou na ferrovia se sofre de um grave sindroma de esquecimento, ou já não se atende aos ensinamentos da história.

Entre outros, o episódio das indemnizações/contratações Refer/Rave, a venda/liquidação CP/Tex, ou o eclipse estratégico EMEF, são todos casos completamente diferentes. Excepto num ponto: nenhum deles está ainda absolutamente clarificado. E não se pense que basta retirar algumas páginas do livro para apagar a memória.

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