quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

A construção e a História


Um macedónio que levava um burrito carregado de ouro para oferecer a Alexandre Magno, defrontou-se com uma inesperada dificuldade: a meio do caminho o burro tropeçou e caiu morto. Sem hesitar o homem carregou o ouro às costas e levou-o, chegando extenuado à presença do rei.

Alexandre, ao ver a fidelidade do súbdito, ofereceu-lhe o ouro. O macedónico ficou naturalmente muito contente. Como morava numa casota velha e modesta resolveu então utilizar o ouro para mandar fazer uma casa nova. Contratou para isso um conhecido construtor.

Ao fim de algum tempo a casa ficou finalmente pronta. Mas, a pretexto de muitas alterações ao projecto inicial, o valor da conta apresentada pelo construtor era como habitualmente três vezes superior ao inicialmente acordado. O pobre macedónico, que nunca tinha vindo a Portugal, ficou tão chocado que teve um ataque de coração e morreu, ficando o construtor com a propriedade da casa.

Quando vários meses depois, o grande rei Alexandre veio a saber do sucedido, não hesitou sequer um minuto em fazer justiça. Mandou de imediato decapitar o construtor, entregando a casa a uma instituição de beneficência.

Agora imagine só o rumo histórico que a construção não teria tomado se Alexandre o Grande nesse tempo tivesse acesso online ao site do Sindefer.

domingo, 25 de fevereiro de 2007

Erros sem Conselhos



Errar é humano. E cometer erros na vida é praticamente uma inevitabilidade. Apesar disso é algo que procuramos evitar, e mesmo quando os cometemos não o fazemos em geral conscientemente. Por outro lado, tentar evitar e corrigir os erros que cometemos faz parte do processo de aprendizagem. Mas também podemos aprender com os erros que vemos cometer a outros, assistindo às suas consequências sem sofrermos quaisquer dos seus malefícios. Este é mesmo o processo menos penoso e mais inteligente de reconhecimento do erro para depois adoptarmos comportamentos de modo a evitá-lo.

Curiosamente, nem sempre o comportamento mais adequado, ou mais inteligente, se verifica na tomada de decisões, quer na esfera pessoal dos indivíduos, quer no plano das decisões colectivas de gestão tomadas por responsáveis das organizações/empresas. Estes em princípio, pessoas experientes, sensatas e supostamente assessoradas por gente competente. No primeiro caso, o fenómeno encontra abundante explicação, a partir de um vasto rol de desvios de comportamento, seja por perturbações ditadas por pressões de natureza psico-social, seja por distúrbios do foro mental ou fisiológico. Mas no segundo caso as razões são mais difíceis de encontrar.

Com efeito, como explicar que depois das mediáticas contratações cruzadas da anterior administração da Refer, a actual administração da empresa não tenha aparentemente aprendido o suficiente com os erros cometidos pelos seus antecessores? Como prova o facto se ter envolvido num processo altamente polémico, repetindo um erro de concessão voluntária de indemnização em contrapartida da saída de um técnico em fim de carreira, para logo de seguida efectuar a sua contratação numa empresa do mesmo grupo.

Neste como noutros casos, a que assistimos frequentemente em várias empresas do sector, a sua explicação só pode encontrar-se no quadro de pelo menos uma das três razões seguintes:
1.º - ou os gestores, a maior parte dos quais intrusos no sector, não se aconselham com ninguém conhecedor antes de tomarem algumas medidas importantes, que assumem ingenuamente sem o adequado conhecimento do alcance das suas decisões;
2.º - ou os gestores estão rodeados de assessores paraquedistas recém chegados às empresas, que tentam compensar a ignorância dos aspectos mais sensíveis do sector com uma simpática atitude de yes man incondicional. O seu maior contributo é idêntico ao de um espelho especial para aumentar o ego, que quando é consultado tudo faz para devolver a imagem da opinião do chefe, embelezada com um sorriso «Yes! …», - simpático, reconhecido e servil;
3.º - ou os gestores não se arriscam a consultar alguém que conheça suficientemente as empresas e o seu contexto, com receio de se verem limitados na sua acção quando aceitam tomar decisões a frete, mesmo perante o risco de cometerem erros que lhes são fatais.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Equilíbrios


Certamente já ouviu falar em equilíbrios de poder. Talvez não se lembre bem a que propósito, mas com um exemplo chega lá facilmente.

Imagine um grupo de pessoas, num rectângulo à beira mar plantado, que a certa altura decidem começar todas a atirar pedras ao ar. Não é preciso ser adivinho para prever as consequências praticamente imediatas desse jogo. Ou seja, no mínimo umas quantas cabeças partidas. Com forte probabilidade de as coisas rapidamente se tornarem sérias e poderem até descambar para consequências muito mais graves.

Por isso as pessoas em geral preferem viver sossegadas e não entrar em jogos tão arriscados. Toda a gente sabe que quando alguém se afoita a destabilizar essa santa paz, atirando alguma pedra para o ar, nunca se sabe onde ela pode cair e as consequências que pode provocar. Basta ver o que tem acontecido com os sucessivos azares nas “obras” da Refer.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Foliões


O que se conta da Refer sobre os motivos para indemnizações seguidas de contratações, parece demasiado absurdo para que alguém possa levar a aparente fantasia a sério. Sobretudo depois dos rocambolescos episódicos da troca de lugares de administradores, com admissão cruzada nos quadros da CP e da REFER, que ainda há um ano desencadearam a sua despedida à força, por motivo inédito e mediaticamente justificado.

Por isso se torna tão difícil acreditar agora, que a história não vá além senão de pura ironia. Antes parece que, antecipando a quadra carnavalesca, um grupo de foliões tenha este ano decidido animar os jornais com mais uma sátira da paródia em que a gestão de algumas empresas do sector parece transformada nos últimos anos. É que a ser mesmo verdade o que por aí já se comenta, isso significa que o que até agora se viu do samba ainda foi só um ensaio. Ora, oxalá não, porque aí o que não será quando se passar ao verdadeiro desfile …

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

As regras do jogo



Na década de 1860, o capitalista americano John D. Rockefeller decidiu criar um monopólio do petróleo. Mas percebeu que se tentasse comprar as empresas mais pequenas, estas iam descobrir as suas intenções e reagiriam desfavoravelmente. Em vez disso, começou por comprar secretamente as companhias de caminho de ferro que transportavam petróleo.

Mais tarde quando propunha compar uma determinada empresa e encontrava resistência dos sócios, lembrava-lhes então que o negócio dependia das linhas de comboio. Dificultando-lhes as operações de transporte, ou simplesmente aumentando as tarifas, poderia facilmente arruinar o negócio dessas pequenas companhias. Rockefeller alterou assim de tal modo as regras do jogo, que os pequenos produtores de petróleo, quando perceberam a estratégia, já não tinham outra solução senão ceder às opções de compra que lhes eram oferecidas.

Toda a gente sabe que a história nunca se repete duas vezes da mesma maneira. Mas há ensinamentos da história que os responsáveis não deveriam esquecer.

Até o macaco que à primeira vez aceita uma pedra embrulhada no papel do rebuçado, à segunda já não cai na mesma. Mas o engano torna sempre a aparecer com estratagemas diferentes. Por isso o macaco é desconfiado. E mesmo assim, volta não volta, continua a cair.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Opção pela dignidade


Porque uma lei que despenalize não significa uma lei que obriga. Por isso, obviamente ….

E também eu confesso, se algum dia em Portugal o aborto viesse a ser obrigatório - se não pudesse lutar contra, abandonaria o país. Nem mais, nem menos.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Diagnósticos

“Um médico ao visitar um doente faz o seu diagnóstico: « - Estás com febre, tens de fazer dieta rigorosa e beber somente água » -, o paciente aceita os seus conselhos e até lhe paga agradecido.

Mas se alguém esclarecido adverte um ignorante, dizendo-lhe: « - os teus desejos são desenfreados. O teu comportamento é desregrado e não serve de exemplo a seguir », o ignorante, ferido no seu amor-próprio, não aceita o diagnóstico e até fica zangado. Porquê esta diferença? – O enfermo reconhece o seu mal e o ignorante não.”

Epicteto

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

O arqueiro

Numa história que nos chegou da idade média, conta-se que um experiente arqueiro convidou certo dia um aluno para assistir a uma aula prática de demonstração. Ao chegarem junto de uma árvore, o arqueiro pegou numa flor e colocou-a sobre um dos ramos. Em seguida, agarrou no arco e na flecha e tomou posição a uma distância de cem passos da árvore. Amarrou um lenço à cabeça de modo a formar uma venda aos olhos, perguntando ao aluno:
- Quantas vezes já me viste praticar este desporto?
- Todos os dias, respondeu o aluno. – E sempre o vi acertar na flor a uma distância de trezentos passos.
Então de olhos vendados o arqueiro esticou o arco e disparou. A flecha nem sequer atingiu a árvore, passando a uma boa distância do alvo.
- O senhor errou e por muito! – exclamou espantado o aluno. – Pensei que ao atirar a flecha com os olhos vendados me queria mostrar todo o poder da sua experiência.
Ao que o arqueiro respondeu:
- Não percebes, acabei de dar-te a mais importante lição. Quando quiseres mesmo alcançar uma coisa terás sempre de fixar nela o teu olhar e todo o teu pensamento e concentração. Ninguém jamais será capaz de atingir um alvo que não consegue ver.